Dimensão Histórica
Vou começar do começo. Tenho o privilégio e a honra de ser amigo da Patrícia V, V de virtuosa, que toca piano como ninguém com uma imaginação musical que deixaria o próprio Thelonius Monk espumando de inveja e taquicardia.
Pois bem, a Pati (que é do bem) também participa de um programa desenvolvido por uma ONG aqui em Washington cujo objetivo é trazer música ao vivo para comunidades de terceira idade.
Hoje à tarde a programação dela foi num Community Center para velhinhos em Adams-Morgan, bairro boêmio, imigrante, latino, africano, yuppie aqui no centro do burburinho do District of Columbia.
“São sempre calados, bem comportados,” disse a Pati, referindo-se não sei se aos membros da banda ou à platéia de costume nessas expedições que ela costuma fazer em sua sagrada missão de trazer música ao vivo de novo aos velhinhos solitários da cidade.
Só que dessa vez o povo era latino. A velharada (em breve também serei um deles) insistia nos boleros, nas rumbas, até nos tangos. Cantava junto. Conhecia todas as letras e até outras desconhecidas pela nossa bela e jovem Patrícia.
Foi então que, chegando meio ao final do programa, a gordinha grisalha espevitada puxou o braço da Pati: “Brasileña, brasileña, brasileña, ¿nó? Pués aquí tenemos un brasilero que quiere cantar contigo.”
Eis que se apresenta a figura distinta do “Brasilero”, cheio de charme pra cima da Patrícia (num esforço com o qual qualquer jóvem consentiria, diga-se de passagem).
“Meu nome é Donald. Fui jogador profissional de futebol no Rio há 50 anos atrás…
“Joguei no Botafogo, no Fluminense, no Vasco…”
E eis que o Donald saca da carteira lá do bolso de trás, abre, e produz uma foto dele ao lado de Nilton Santos.
E um cartão de visitas do Pelé, com o telefone do próprio em Nova Iorque no verso…
“E como foi que esse cara foi parar aqui em Washington,” perguntei incrédulo à Pati, horas depois, quando ela me contava essa estória.
“Não sei. Tive que sair de lá correndo pra vir pra cá. Mas ele me deu o cartão…”
E no cartão, que fisguei dela, está escrito: Donald P•ere•ra de A*ui•r. Professional Soccer Coach. 19** Columbia Road, Washington DC.
Vou ligar pro Donald amanhã e ver se ele topa uma companhia. Eu, de minha parte, toparia a dele.
Em breve virão as respostas.
3 Comments:
Linda foto, Balla!
Gostei.
Donald é o cara.
Força FOGÃO!
By Chico da Kombi, at 29/7/06 01:08
Impressionante, né Hélio? Tô muito afim do encontro com o Donald. É a história ambulante. A Pati me diz que ele é muito gregário e talvez um pouco sozinho. (Perto da Pati eu também sou gregário, mas isso é matéria pra outro post.)
Vale dizer que me parece um sujeito que vai gostar e muito de falar de sua vivência. O jogador andarilho de 50 anos atrás. O Donald. Que agora mora em Adams-Morgan. Que história será essa?
Notas Avulsas vai averiguar. Tenha certeza.
By cjb, at 29/7/06 01:27
Grande trepidante Balla!!
Entrevista o ômi e depois conta os causos aqui no NA.
Abraço do seu leitor número DOIS.
By Chico da Kombi, at 29/7/06 16:04
Postar um comentário
<< Home