Notas Avulsas

sábado, setembro 09, 2006


Pau Neles!

Eleições no Brasil em outubro, nos Estados Unidos em novembro.

A imagem do dia vem da campanha da Forum para a linha verão 2006. Mas a mensagem vale pro ano inteiro, sem modismos.

Despedida do sol de verão

Visto,
Previsto,
Mesmo que eu não soubesse,
já achava que era isso mesmo
O caminhar da coisa

Revisto
Seu rumo certeiro
Do pouco caseiro
do nada que sempre soube
jamais imprevisto

Quando você me ligava naquele dia e eu
De cueca na mão, cigarro na outra,
Sem sequer achar o telefone que tocava
E achando assim mesmo, em atitude corporal,

Teu rosto entrevisto.
Mas nada que condissesse
com nada com que eu esperasse,
quando eu voltasse para esperar

Depois da nossa conversa
Burlando o tema maior

Sobrevisto
Da invenção de todas premeditações
Exaustos e sem chão
Sobrepostos,
imprevistos
de um raso final,
tua lua minguante
numa tarde de verão.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Cross-Cultural Communication

Caminhando ainda agora de volta pra casa do metrô, eis que topo com um dos três ou quatro sem-teto que vivem aqui pela redondeza.

“Tem um cigarro aí?” ele me pergunta, em inglês – lógico.

“Yeah, sure.”

Me aproximo e ofereço um M•rlb•ro Red.

“Hey man, do you like football?” pergunta o meu interlocutor, ao vasculhar os bolsos em busca de um fósforo, todo ansioso pra ter uma conversa. Referia-se ao futebol americano, aquele esporte que, na caracterização lapidar do amigo francês do Breno Galvão, traduzir-se-ia melhor por “rúgbi feminino.”

Minha resposta foi seca, rápida e instintiva – e sem mesóclise:

“No. But I like real football.”

“What do you mean?” ele perguntou, fitando-me perplexo.

“You know, that game you play with your feet. And a ball. Soccer?”

E ele: “Oh. Okay.”

Segui meu caminho. Ele também, mesmo que o dele naquele instante era ficar ali parado, sentado, fumando um cigarro. E o meu, voltar pra casa. E então fumar um cigarro.

Dia desses nos encontramos de novo. Espero que ele me pergunte então se eu gosto de pólo aquático.

terça-feira, setembro 05, 2006


Ye gotta look at thyse tythe te belyve innim, myte....

Steve Irwin, o chato mala grandalhão australiano que vivia enchendo o saco de cobras, lagartos e jacarés, ontem levou a última raquetada:

Uma arraia acertou ele no peito e em cheio – diz a BBC que possivelmente no coração – e antes que ele pudesse exclamar “wotta tile, mite,” ele já estava morto.

Ainda tem vezes quando a fauna das profundezas consegue falar mais alto.

Essa foi uma delas.

G’nite, Stevie boy, me lad.

Croy for the Strines t'nite...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Final de feriadão

O jantar na sexta foi muito bom, não falo não
A esticada no uísque ao lado foi sobremesão,
Mas mesmo assim...

Não, leitoras. Isso aqui não é paródia do Chico.

Por mais que pareça.

É que o Notas Abertas ainda não recebeu as fotos da festa da noite de sexta passada, quando o feriadão era ainda apenas sinal de futuro. Um parêntesis aberto ante o tempo que agora, com seu passar na noite de segunda, pede gentilmente aquele outro parêntesis fechante da matéria.

Os viajantes voltaram dos lugares viajados.

Os ficantes voltaram dos lugares ficados.

Nada mudou.

E portanto tudo mudou.