sábado, agosto 12, 2006
Falta muito pouco para chegarmos ao acordo final
Que acordo?
Tenho um amigo/interlocutor/colaborador -- autor de um blog paralelo, EBQSL (Entenda Baseball Quase Sem Lágrimas) que vive monarquizando a Martina Hingis.
Ela é a princesa, et cetera e tal.
Ele faz isso em parte porque a Martina Hingis é uma grande jogadora de tênis, em parte porque ele (como ela) desgosta do tênis-fôrça, do tênis-porrada, estilo cuja prática mais exatamente se asemelha à uma Maria Sharápova e seus gritinhos campo afora.
Queremos ainda o tênis-precisão.
Finesse. Not just whacking the ball past your opponent. But doing it slowly and watching them despair at their own mistakes.
Meu amigo (e interlocutor e colaborador) RR tem o gosto impecável de ter adquirido uma voz que é inconfundivelmente sua. (ok, that's a whole other story.)
Mas a boa da noite ainda é pensar das diferenças entre Hingis e Sharápova.
Diferenças que eu ainda prefiro manter impublicadas.
Se der sorte, impublicáveis.
Nunca se sabe.
Dia dos Pais? What the f*** is that?
Passando de passagem
pelo Dia dos Pais.
Papai sempre insistiu na ojeriza aos "dias dos pais, dias das mães." Tudo artifício, segundo ele, de comerciante.
Vinha de uma família de pater familias escocês-canadense, meu avô, que fez a carreira como médico e cirurgião no corpo aeronáutico do exército americano em seus primórdios após a primeira guerra mundial. Sentara praça em 1912 e perseguiu Pancho Villa nas lonjuras do Arizona em 1914 sob comando do General Pershing, mandante da mesma tropa --agora chamada a American Expeditionary Force -- nas trincheiras da França em 1917. Vovô ainda era, digamos, cirurgião carreteiro. Mas fora lá, durante a ocupação do Reno, que ele encontrou aquela enfermeira do Missouri especializada na nutrição de mutilados fácio-máxilares que viria a ser a minha avó.
Bem, uma das minhas avós.
Não era religioso, esse avô, mas mantinha um certo quê do acetismo protestante e do ceticismo de quem largara aquilo tudo para melhor entender anatomia.
Anos depois comigo em cena aos 8 anos: Papai -- um gringo que era o homem mais alto que eu vira até então em toda a minha vida -- desembarca no Galeão. (Eu e o resto da família tínhamos voltado pro Rio 9 meses antes: a família só mulherzinha: minha irmã, mamãe, vovó; agregadas: Maria Helena, a empregada e Augusta, a cozinheira. Tinha ainda a minha tia, prima da vovó, alagoaníssima de comer sarapatel todo ano na Feira da Providência, que era advogada na Esso.)
E tinha eu. Oito anos.
Pois bem: um mês depois da chegada do papai, ele me leva pro Maracanã para ver um jogo qualquer.
Na Nelsons' School -- de tão indigente que era, em que pese o nome -- a gente só jogava futebol no recreio de chapinha de Coca Cola.
E quando eu vi aquele campo enorme como um país, verde de verde, espaçoso em escala de espaço da qual não tinha a menor dimensão de reconhecimento, eu olhava transfixo na troca de passes. Algo nunca antes visto.
O jogo qualquer era Flamengo x Bangu: final do campeonato carioca de 1966.
Foi aí que tudo começou.
E o Bangu ganhou.
na foto, em algum lugar, Paulo Borges e Fidélis e mais os outros Nove que permanecem tão anônimos como a imortalidade
sexta-feira, agosto 11, 2006
Vira o teu bico pra lá, pra lá
Pinguins derrapados numa estrada em Texas?
Aconteceu sim, quando o caminhão do zoológico derrapou:
Enquanto eles não invadiam pelo mar do sul,
Malévolos como só eles,
a próxima divisão invadiria pelo mar do norte.
Though these seemingly placid creatures have adaped to a hostile environment
few are prepared for the consequences:
When Penguins Turn!
Pinguins derrapados numa estrada em Texas?
Aconteceu sim, quando o caminhão do zoológico derrapou:
Enquanto eles não invadiam pelo mar do sul,
Malévolos como só eles,
a próxima divisão invadiria pelo mar do norte.
Though these seemingly placid creatures have adaped to a hostile environment
few are prepared for the consequences:
When Penguins Turn!
Piano, Pianissimo
Minha amiga que gosta de ruas com nome e mais seus dois pointers alemães de pelo liso, M*by e Beb*l, andam tão
Bebelplatz. Em tarde nublada de luz oblíqua.
Como se eu quisesse Berlim de outra maneira.
Tudo cor de gelo: da calçada ao céu.
quinta-feira, agosto 10, 2006
O Bom de Bola
Nova e sensacional revelação no futebol europeu.
Confiram aqui. Totalmente liberado para maiores de 5 anos...
Nova e sensacional revelação no futebol europeu.
Confiram aqui. Totalmente liberado para maiores de 5 anos...
Terrace Tax
Não um imposto sobre a ocupação de terraços. Antes uma transcrição do jeito que GW Bush Jr pronuncia o que viria a ser qualquer ato de selvageria contra inocentes, desde que não praticado por quem responda a seu comando: “terrace tax.”
Pois foi com a notícia de “terrace tax” em potencial, que haviam sido debelados graças à ação preventiva da Scotland Yard, que acordei hoje de manhã. (Quem não souber de que estou falando, por favor levante a mão.)
Cancelamentos de vôos transatlânticos. Caos em Heathrow em Londres. Suspensão de vôos nos Estados Unidos, tanto domésticos como internacionais, enquanto novo regime transnacional de segurança se impunha: nada de líquidos, cremes, hidratantes, loções, refrigerantes na bagagem de mão. Perfumes? Uísques? Nem pensar.
Porque os “terrace” estariam embarcando com coquetéis líquidos explosivos dissimuladamente acondicionados em embalagens de uso ostensivamente corriqueiro, banal, inocente: pasta de dente, shampoo, bebidas energéticas.
Tudo, suponho, menos creme de barbear. Para não despertarem suspeitas indevidas.
Não um imposto sobre a ocupação de terraços. Antes uma transcrição do jeito que GW Bush Jr pronuncia o que viria a ser qualquer ato de selvageria contra inocentes, desde que não praticado por quem responda a seu comando: “terrace tax.”
Pois foi com a notícia de “terrace tax” em potencial, que haviam sido debelados graças à ação preventiva da Scotland Yard, que acordei hoje de manhã. (Quem não souber de que estou falando, por favor levante a mão.)
Cancelamentos de vôos transatlânticos. Caos em Heathrow em Londres. Suspensão de vôos nos Estados Unidos, tanto domésticos como internacionais, enquanto novo regime transnacional de segurança se impunha: nada de líquidos, cremes, hidratantes, loções, refrigerantes na bagagem de mão. Perfumes? Uísques? Nem pensar.
Porque os “terrace” estariam embarcando com coquetéis líquidos explosivos dissimuladamente acondicionados em embalagens de uso ostensivamente corriqueiro, banal, inocente: pasta de dente, shampoo, bebidas energéticas.
Tudo, suponho, menos creme de barbear. Para não despertarem suspeitas indevidas.
quarta-feira, agosto 09, 2006
für Márcia
Não há frase final
Nem inicial.
Quando eu penso no meio da coisa. O meio do jogo. O meio do bife. O meio do filme.
O meio de campo geralmente embolado.
O meio da receita de bobó de camarão quando já cozinhei todas as mandiocas e fiz o creme ao ponto com leite de coco na proporção ainda mais exata que o que mandava a proporção.
O meio tempo. O intervalo que as regras estabelecem entre o primeiro, quando meu time perdia, e o segundo, quando perderia por muito mais.
O meio da vida? Bela aritmética: eu que já bordo os 48. Chegar aos 96? Nem hoje nem na semana que vem.
O meio da frase, o ponto mais frágil da enunciação, e onde mais me irrita ser interrompido.
O meio da caminhada, o meio da praia, o meio do dia. A possibilidade ainda de voltar pra uma das pontas mesmo que seja de táxi.
A largura do tempo, seu meio infindável.
A curteza da minha felicidade com as mulheres que mais amei. O meio daquilo. Um lugar no Leme que nem se chamava Fiorentina.
O meio da quilometragem daqui até Hamburgo, no meio de brasileiras metidas em Londres, seus maridos, suas manhas, como se tudo fosse saco de bater o meio de sua frustração.
O meio do vôo. O meio do medo. O meio do gozo.
O meio de algum lugar onde alguém ainda quer te matar.
O meio do nada, onde agora respiro pausadamente.
Esse meio onde agora percebo em cheio
O meio de tudo, de todas as horas, e tudo de te amar
De novo, de um tudo.
O meio do slogan.
Do meio do middle of nowhere.
No meio da frase.
Do meio do mundo.
O meio de te amar.
Não há frase final
Nem inicial.
Quando eu penso no meio da coisa. O meio do jogo. O meio do bife. O meio do filme.
O meio de campo geralmente embolado.
O meio da receita de bobó de camarão quando já cozinhei todas as mandiocas e fiz o creme ao ponto com leite de coco na proporção ainda mais exata que o que mandava a proporção.
O meio tempo. O intervalo que as regras estabelecem entre o primeiro, quando meu time perdia, e o segundo, quando perderia por muito mais.
O meio da vida? Bela aritmética: eu que já bordo os 48. Chegar aos 96? Nem hoje nem na semana que vem.
O meio da frase, o ponto mais frágil da enunciação, e onde mais me irrita ser interrompido.
O meio da caminhada, o meio da praia, o meio do dia. A possibilidade ainda de voltar pra uma das pontas mesmo que seja de táxi.
A largura do tempo, seu meio infindável.
A curteza da minha felicidade com as mulheres que mais amei. O meio daquilo. Um lugar no Leme que nem se chamava Fiorentina.
O meio da quilometragem daqui até Hamburgo, no meio de brasileiras metidas em Londres, seus maridos, suas manhas, como se tudo fosse saco de bater o meio de sua frustração.
O meio do vôo. O meio do medo. O meio do gozo.
O meio de algum lugar onde alguém ainda quer te matar.
O meio do nada, onde agora respiro pausadamente.
Esse meio onde agora percebo em cheio
O meio de tudo, de todas as horas, e tudo de te amar
De novo, de um tudo.
O meio do slogan.
Do meio do middle of nowhere.
No meio da frase.
Do meio do mundo.
O meio de te amar.
terça-feira, agosto 08, 2006
e logo eu que me achava um cara socialmente isolado...
A BBC News online traz um breve depoimento de Andrés Gomez, simpatizante de Fidel. O que isso tem de errado? A rigor, nada. A não ser que Andres mora em Miami desde 1960, quando a família se expatriou de Cuba.
Enquanto isso, na Espanha, Raul Rivero também depõe. Raul, jornalista por profissão, escritor por vocação, desvencilhara-se do aparato partidário há longos anos. Em 2003, condenado a 20 anos de prisão. Cumpriu dois anos da pena antes que pressões internacionais lhe abrissem o caminho ao exílio.
A BBC News online traz um breve depoimento de Andrés Gomez, simpatizante de Fidel. O que isso tem de errado? A rigor, nada. A não ser que Andres mora em Miami desde 1960, quando a família se expatriou de Cuba.
Enquanto isso, na Espanha, Raul Rivero também depõe. Raul, jornalista por profissão, escritor por vocação, desvencilhara-se do aparato partidário há longos anos. Em 2003, condenado a 20 anos de prisão. Cumpriu dois anos da pena antes que pressões internacionais lhe abrissem o caminho ao exílio.
Darlene Glória?
No, my love.
Love in a city is not a city
In love.
Nor is it any formal statement,
Any plausible declaration at this age
In which we (the participants, not the city)
Should care to divulge.
Nor a stage – uma etapa –
Por mais ulterior que pareça
Pra quem possa apareçer.
** ** **
The foreknowledge of a kiss?
Beijo de cabeça baixa.
De olhos tão fechados
que de espremidos
would exclude such uncertainty
The better to consider your certainties
Were you ever certainly
to entertain the mere risk
of it all?
** ** **
No.
You.
There.
All for me.
Let me watch you
Bend back
In words
Darlene Glória
You…
Yes...
Acquire.
Never
again to relinquish
my dearest angel
the world entire.
No, my love.
Love in a city is not a city
In love.
Nor is it any formal statement,
Any plausible declaration at this age
In which we (the participants, not the city)
Should care to divulge.
Nor a stage – uma etapa –
Por mais ulterior que pareça
Pra quem possa apareçer.
** ** **
The foreknowledge of a kiss?
Beijo de cabeça baixa.
De olhos tão fechados
que de espremidos
would exclude such uncertainty
The better to consider your certainties
Were you ever certainly
to entertain the mere risk
of it all?
** ** **
No.
You.
There.
All for me.
Let me watch you
Bend back
In words
Darlene Glória
You…
Yes...
Acquire.
Never
again to relinquish
my dearest angel
the world entire.
segunda-feira, agosto 07, 2006
Enquanto isso, no Líbano
Peço aos leitores do blog derem uma olhada tanto no Ha'aretz de Tel Aviv como no Daily Star de Beirut.
Ambos jornais um tanto mais pertos do centro do nó.
O Sul do Líbano, uma Baixada Fluminense dominada por evangélicos shi'itas, (que me perdoam a comparação, tanto os libaneses como os leitores da Baixada) é território onde pouco ainda se aplica a lei.
E o Hizbolá--por mais sofisticado que queira parecer aos co-leitores libaneses das grandes cidades -- não tem a menor pudicícia em ao menos indicar que seu raio de alcance e influência geográficos mal passam de uns 30 kms de alcance: uma saraivada de Katyushas cegas, em noite clara, apontadas ao sul.
E pensar que nos anos 70, antes da guerra civil, as mulheres podiam tomar banho de sol topless nas praias de Beirut.
Sabem, os hizbolitas, que a revanche israelense afugenta todo o mundo do líbano -- a burguesia de Beirut pega o primeiro vapor para o Chipre.
Os que sobram se protegem ao norte: a linha a partir da qual não caem bombas; os sicários de Síria o primeiro taxi pra Damasco. Os druzes se escondem nas montanhas ao leste; os maronitas mais pobres, nas montanhas e vales mais ao norte e ao alto.
E apostam, esses hizbolitas, em que os shi'itas --a gente mais pobre e fodida do Líbano, que não tem onde nem cair morto --vá ficar no pedaço não importa a barra.
É ethnic cleansing, religious cleansing, por tabela.
E não é que a Israel Defense Force é sempre o parceiro ideal?
E que o Líbano é sempre a terra onde se pode executar um ataque impune?