Para quem estiver em Washington, a boa da semana é o jazz “de grátis” no Sculpture Garden, ao lado da National Gallery of Art, ali pela 7th and Constitution NW.
Cada 6ª. Até o final da temporada no dia 15 de setembro.
Hoje foram as feras do Lenny Robinson Group: bateria, baixo, teclados e sopros de sax (tenor, alto e soprano) e mais a canja do próprio fera Lenny Robinson no trompete.
(Para os jazzmaníacos: http://www.jazzconnect.com/lennyrobinson/ )
O Sculpture Garden tem ao centro um lago (poça? fonte?) de uns setenta metros em diâmetro, com uma beirada maçica de granito horizontal em sua volta de uns 50 cm de largura.
Nas noites de jazz, ao redor da piscina, só sobra espaço entre as Dragões da Independência.
Vêem as mães jóvens com a filharada, vêm os negros velhos da Old School (entre a carapinha grisalha e o velhinho fashion de tererê…), vem as lourinhas e as ruivas com cara de irlandêsa ou de alemã e um certo tipo de corpo – o tórax alongado, as pernas curtas – passeando pelo pedaço, circulando nele, ou simplesmente sentados no granito.
Vi uma princesa, futura destruidora de corações, linda e bela e pulando ao lado das amiguinhas. E as amiguinhas, que pulavam também. E os amiguinhos. E todos que chegassem ao lado. Um bando da infância afro-americana, descalça na tarde, pais e mães misturados com os pés na piscina de 70 metros, a amiga da amiga da amiga monitorando a criançada.
Não é Miami nem Los Angeles. Passa de vez em quando a Loura Turbinada de Decote; Quarentona; passa a gostosa adolescente que te leva de volta ao Nabokov e Lolita; passam as feias, as gordas, as sapatas, as hipongas de queixo até aqui.
E com o passar das horas a gente olha o céu, turquesa e rosa pela hora, e a cada hora mais escuramente rosa, como se tudo fosse um Maxfield Parrish, depois de tantos anos.
E não choveu.
Nem hoje, nem nunca.